Por: Carlos Grison.
A causa tomou rumos incompreensíveis para mim e meu violão
Minh ‘alma anda cansada
Os olhos anuviados já não enxergam como antes
Minhas mãos destreinadas já não tocam como antes
Minhas crenças uma a uma vão ao chão
Como as folhas perdendo os seus verdes para o outono e enterrando-se no inverno
Não vejo mais no reflexo de meu espelho o espirito que me
trouxe até aqui
Muito lodo pelo caminho muito descontentamento
Muitos sonhos aos redores sustentados apenas por riqueza
A pureza perdeu se n´algum lugar da estrada
Ainda exerço força em meus pensamentos para defender-me das
investidas da cobiça
Mas há agora o questionamento corriqueiro que me atiça como
um sopro aos ouvidos
De que valeram tantos anos tantas lutas por tua causa
O sopro pergunta e nem faz pausa...
Já nem com o teu violão consegues mais contar
Impedido de qualquer gesto e reação sonho acordado para que
possa libertar-me
Em estase transporto-me para uma realidade paralela
Onde todos são de fino trato e poucos trapos
Onde não faltam palavras de gentileza e a nobreza é medida
por sorrisos e gestos não por posses
Dura pouco
O tempo para meu cigarro acabar
Acordo novamente em minha sacada
Com o olhar perdido fixo em uma pipa presa ao galho da
arvore em frente a minha casa
A sensação é de que fui vencido
E assim me sentindo desnudo
Me alheio a tudo
Não me falta devoção
Talvez esteja apenas cansado
Até mesmo para meu fiel amigo violão