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segunda-feira, 7 de abril de 2014

No Meu Tempo de Criança.



Por: Carlos Grison.


Nos idos de 1985 e lá vai pedrinha, eu assistia Charlie Brow nas tardes que ficava em casa com a babá (a Marlene, minha mãe de paixão). Naquela tarde em especial eu lembro que estava chovendo e minha santinha (Marlene), fez para mim um lanchinho! Torrada! (misto quente!).

Era a alegria da hora.

Eu consigo lembrar o cheiro, lembro-me da sensação de tudo que acontecia naqueles dias da minha infância. Lembro também que nesses dias de chuva eu ficava extremamente nervoso, furioso. Não podia andar de bicicleta, jogar caçador (queimada), não podia ir à casa dos amigos e principalmente não podia nem pensar em chegar perto de meu cavalo o Furão.

Era torturante.

Eu era uma criança que gostava de BRINCAR. Sujeira pouca era bobagem. O negócio era entrar mato adentro e fingir ser o Indiana Jones ou então algum super-herói do momento! Jaspion, Giban, Spectroman e por ai vai.

O que era inadmissível era aquele Atari.

Nunca gostei dele.

Coisa estranha ficar sentado a frente de uma tela de tevê com um objeto que se jogava 10 dias da semana e se esperava 20 dias para que o técnico consertasse o controle, que quebrava com a maior facilidade do mundo.

Pois bem.

As tardes chuvosas tinham a sua vantagem.

Quando chegava a hora do Charlie Brown.

Eu assistia um desenho que me hipnotizava. Ele sugeria para mim algumas indagações sobre amor, esperança, dança, persistência e muito mais mistérios que naquela época para mim era um enigma e alguns ainda são!

Hoje eu percebo que nossas crianças ainda possuem algumas opções de desenhos bacanas, mas a maioria deles são violentos, com linguagens extremamente de mau gosto para uma criança de 5 a 10 até mesmo 14 anos assistir!

Quer um exemplo do que estou tentando explicar?

Em Charlie Brown ou Caverna do Dragão nós escutávamos: Palerma, Moloide.

Hoje as crianças com os seus desenhos escutam: Idiota, burro, besta.

Para mim faz toda a diferença e se você não está entendendo o que eu estou tentando explicar é por que não perdeu suas horas da tarde assistindo um desenho que tinha como trilha sonora Jazz de primeiríssima qualidade e até mesmo músicas clássicas e nos permitia usar a imaginação com duvidas sobre o que se retratava o desenho. Você ali como criança, era obrigado a se esforçar no mesmo momento a entender por que o Charlie Brown se indagava tanto com questões do universo ou mesmo filosóficas sobre as esquisitices dos adultos.

E isso meus amigos é por que não estamos falando de tirinhas! Por que para mim... O Alvim deveria ganhar a vida nas telas urgentemente! Quem será que terá essa ideia primeiro?

No mais eu só penso que se nossas crianças são bombardeadas com tanto vermelho na telinha slim... a coisa no futuro ou desanda para uma violência generalizada, (o que já acontece com toda a naturalidade do mundo só não enxerga quem não quer), ou, simplesmente as pessoas acharão normal observar os banhos de sangue que vemos nos noticiários por ai.

Onde eu quero chegar?

Não sei.

Pensa um cadinho.

Por que no momento eu não consigo parar de lembrar-me do gosto do lanche da minha amada Marlene, nas cores taciturnas do desenho do Charlie Brown, no som de sua trilha sonora maravilhosa e por ultimo e não menos importante o som da chuva *fazendo cócegas em meus ouvidos.


*Citação de A Voz Da Chuva, canção do Barão Vermelho.
Ps: Observaram no rodapé da tirinha o ano dela? As coisas da vida poderiam ser como o vinho não? Quanto mais velho melhor!

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